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Será que todos podem ver?

  • Foto do escritor: ACCS
    ACCS
  • 11 de nov. de 2018
  • 2 min de leitura

Por FABIANA DOS REIS PEREIRA


Era mais uma tarde de domingo e Mariana fazia mais uma vez o trajeto para a casa da

sua avó. Carros, motos, ônibus, árvores, flores, plantas e mares. Tudo isso tinha no caminho.


Só que Mariana não percebia porque fazia esse trajeto sempre às pressas. Certo dia, ela estava acompanhada de sua irmã Lorena. Esta, fazia um tempo que não mais passava por ali, desde que perdera a visão. Era mais um dia comum, talvez?


As duas caminharam cerca de 20 min até chegar ao destino final. Ao chegarem,

pediram a bênção aos avós e tios presentes. E ali passaram a tarde. Conversando, rindo e contando histórias. Foi aquela alegria de sempre!


Ao retornarem para casa, Lorena conversava com sua irmã, perguntando se ela havia

percebido que a Vó Tereza estava triste. Mariana respondeu que não e a questionou como ela sabia disso. Lorena lhe respondeu que notou que a mesma não havia recebido as duas com a felicidade calorosa de sempre e, durante toda à tarde, mal conversara com todos.


Mariana ficou surpresa, pois não notou. Assim que chegaram em casa, a mãe das

garotas questionou como foi o dia. Lorena, empolgada, respondeu logo que foi muito bom.


Que fazia muito tempo que não via o mar tão agitado e não via o balanço daquelas lindas palmeiras do caminho. Comentou também do cheiro das flores do jardim da vovó e o quanto foi gostoso sentir mais uma vez o aroma do cafezinho do fim de tarde, que tanto lhe dava prazer. Ainda acrescentou o quanto estava preocupada com a avó que, pelo que percebeu, estava tristonha, por motivos ainda desconhecidos.


Enquanto Lorena descrevia tudo o que havia percebido, desde o caminho à casa de sua

avó, sua irmã Mariana ficava sentada e perplexa. Havia parado para refletir o quanto sua irmã- embora não podendo ver através dos olhos- se maravilhou com tudo o que sentiu naquele dia.


A pressa, a monotonia, impedia Mariana de perceber a vida ao seu redor com mais

sensibilidade.


E você? Como vai a sua vida? Quais caminhos tem percorrido? O que tens encontrado

no trajeto? De que modo observas o teu semelhante? Já parou para perceber como é bom olhar a vida pela janela?


A vida acelerada que a nossa sociedade nos proporciona, muitas vezes nos impede de

ver. Sim! Ver! Ainda que tenhamos olhos em condições necessárias para tal. Isto porque há uma diferença muito grande entre o ver e o olhar. Este último, diz respeito à percepção, à sensibilidade, à contemplação, o sentimento.


Desse modo, se faz necessária uma educação do sensível, que nos ajude a perceber a

vida e o que há ao nosso redor com mais sensibilidade. Além disso, pensar numa proposta de construção do conhecimento que considere as subjetividades dos indivíduos, bem como num fazer artístico que parta dos mesmos, considerando suas singularidades e sensibilidades envolvidas no processo.


Professora Carmen Paternostro participando da instalação criada por Kathleen Evelyn e Uiliane Monteiro para o Painel Performático do semestre 2018.1

 
 
 

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