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Movimentar-se é preciso

  • Foto do escritor: ACCS
    ACCS
  • 11 de nov. de 2018
  • 3 min de leitura

Por Julia Maria Borges Molina com inserções de Edu O.


Na atividade de 28 de setembro nos reunimos no envento: “O Que É Isso? Acessibilidade

e Universidade”, com intuito de iniciar um ciclo de diálogos e debates sobre a acessibilidade e sua inserção na UFBA.


Ao início do encontro assistimos ao filme Profanação, da diretora Estela Laponni. O filme - que apresenta audiodescrição, LIBRAS e legendagem - me despertou sensações bastante sinestésicas. Talvez por conta das cores em tons mais azulados, cenas esfumaçadas, sons fortes em contraste com momentos silenciosos e poucas falas. De forma muito poética o filme retratou a interação de suas personagens com o corpo, os sentidos, a movimentação e dança.


Em seguida, houve uma breve apresentação sobre o histórico da ACCS Acessibilidade em Trânsito Poético, com a participação de sua fundadora, professora Fafá Daltro e os professores que coordenam nessa nova etapa - Edu Oliveira, Cecília Accioly e Maria Beatriz.


Houve também a participação de Álon Maurício, representante do NAPE - Núcleo de Apoio à Inclusão do Aluno com Necessidades Educacionais Especiais, da UFBA, apresentando os serviços prestados para a comunidade com deficiência na Universidade.


Seguiu-se a programação com um bate-papo entre Bruno (surdo, professor de LIBRAS na UFBA), Matheus (estudante da FACOM) e Natália Rocha (estudante da Escola de Dança e monitora da ACCS) que versaram sobre suas experiências enquanto docentes e discentes com deficiência, no ambiente acadêmico.


Ao longo da roda de conversa muitas reflexões despertaram em mim, a respeito das

falas mas também em relação ao evento. Durante o evento quatro interpretes revezaram-se para realizar a tradução de LIBRAS para o português e vice versa. Não pude deixar de pensar como seria importante que todos nós aprendêssemos LIBRAS desde pequenos. Que a barreira linguística que frustra uma pessoa surda quando não consegue compreender o que está sendo dito em algum contexto também deveria ser uma barreira que incomodasse os ouvintes. Pensei em quantas pessoas surdas que eu convivi e gostaria de ter conhecido elas mais profundamente e não pude por uma barreira linguística.


Bruno Ernsen e Natália Ribeiro ressaltaram o despreparo de muitos ambientes para receber as pessoas com deficiência. Que isto passa a impressão de que seria como se o deficiente estivesse em uma “redoma”, “flutando longe dos espaços” e que de repente cai de paraquedas nestes espaços, dentre eles a UFBA.


Enquanto, decerto deveríamos entender que pessoas com deficiência estão em todas as partes e devem estar onde quiserem, assim como qualquer outro, justamente porque deveriam ser entendidas dessa maneira. Se nossas instituições, espaços da cidade, produções intelectuais e artísticas assim entendessem, não teríamos que parar para discutir acessibilidade, ela seria implícita e inerente a qualquer espaço, objeto, produção e interação.


Bruno discorreu sobre o modo como ensina LIBRAS a seus alunos e isso me chamou muita atenção. O professor explicou que ensina LIBRAS em um contexto, comunicando-se com os alunos desde o primeiro dia de aula. A importância de inserir novos aprendizados em contextos reais é algo que desperta muito interesse em mim. É desafiante, porém gratificante, permitir e estimular a ligação sócio-afetiva e a autoidentidade, essencial e determinante na efetividade do processo de aprendizagem.


Sandra Rosa, professora da UNEB, coordenadora do Grupo de Pesquisa GA&A e audiodescritora, foi a última palestrante e compartilhou sua experiência em audiodescrição para uma plateia por estudantes e professores de diversos cursos da UFBA.


O Grupo X de Improvisação em Dança encerrou a atividade com a apresentação da performance "Se quiser, deixe sua lembrança" percorrendo diversos espaços da Escola de Dança da UFBA.


Ocorreram muitos momentos de reflexões profundas e muitas falas marcantes.


Entretanto, gostaria de destacar algo ressaltado ao final do debate que acho crucial: a falta de comprometimento, empatia, conscientização e ativismo das pessoas que - suportamente- não são deficientes. Daí umas razões de imediato ter “vestido a camisa desta ACCS”. Militar por nossas causas é preciso, movimentar-se é preciso. Muita desconstrução e reconstrução ainda é necessária em todos nós!



Apresentação do professor Bruno para uma platéia que encheu o Teatro Experimental da Escola de Dança, no Encontro O que é Isso? Acessibilidade e Universidade, dia 28 de setembro de 2018.


 
 
 

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