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Me deixar guiar

  • Foto do escritor: ACCS
    ACCS
  • 13 de dez. de 2018
  • 2 min de leitura

POR João Victor Correia Costa


A aula que aconteceu no CAP no bairro da saúde foi uma surpresa pra mim, pelo primeiro motivo de ser em um lugar que eu nunca tinha visto mas já tinha ouvido falar sobre, pelo segundo motivo que seria a proposta de os não videntes nos guiassem pelo centro, só que de olhos fechados com vendas. Eu fui, com uma amiga minha, guiado por Laura que é uma das frequentadoras do local. Inicialmente eu tive muito medo, pois tenho medo quase que generalizado de "perder o controle" das coisas, e como naquele caso eu não estava enxergando não tinha como ser diferente. Com o decorrer da visita eu notava que mesmo Laura estando utilizando somente as bengalas ela tinha total controle da situação e sempre sabia aonde estava indo, número de portas, de quem era tal sala; sabendo tudo como se estivesse vendo, mas era somente com sua bengala e sua memória, além de reconhecer as vozes dos funcionários e falar os nomes deles. Laura se mostrou um pouco apressada no início e isso foi um problema pra mim por causa do meu medo de tropeçar em algo, mas com o tempo eu consegui acompanhar o ritmo dela e eventualmente aprendi a confiar nela e me deixar guiar sem relutar. Um dos momentos mais tensos foi quando ela nos levou pelas escadas, nas descidas especificamente, pois não tínhamos visto elas antes e por isso seria uma grande surpresa descer o degraus que eram muito maiores que o de costume e por isso me deixou muito apreensivo. Laura me convenceu a relaxar e disse que a ponta do degrau estaria na faixa amarela

(metrô feelings) então eu me contive a notar a faixa no chão, ao chegarmos no térreo a gente deu uma volta pelo refeitório e enfim voltamos a quadra de onde partimos, aonde tivemos vários depoimentos dos nossos guias, mostrando como nós aprendemos um pouco sobre como é a rotina deles e de como pra alguns que já nasceram sem a visão foi difícil lidar com isso mas pra quem já enxergou e perdeu a visão é muito pior, além de mostrar que mesmo eles não tendo a capacidade de enxergar, ou tendo essa capacidade reduzida, eles são tão comuns e independentes como nós videntes e que não merecem pena e sim respeito. E pra encerrar tivemos uma aula de Laura sobre como guiar um não vidente na rua, pra evitar pânico para eles. De modo geral esse dia foi muito enriquecedor pra mim e me agregou conhecimentos e reflexões únicas. Muito obrigado pela oportunidade.



 
 
 

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