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  • Foto do escritorACCS

Espetáculo Bonito

Atualizado: 28 de mai. de 2018



foto Aldren Lincoln


por Lilian Barbosa


Minha primeira impressão foi de curiosidade. Não conhecia o teatro Gregório de Matos. Tirei fotos e olhei com atenção o ambiente.

Depois, eu subi as escadas, achando estranha uma apresentação no primeiro andar. Minha ideia de teatro era com base em salas de cinema, ou auditórios, como vejo na faculdade. Ali, tudo era diferente. As luzes, o espaço, a cor, os atores em pé, recebendo as crianças. As cadeiras para assistirmos além de pequenas, distribuídas em 4 locais quatro blocos de 3 degraus. Ao subir para sentar, as escadas pareciam móveis e a impressão que não aguentariam meu peso.

Depois, iniciou a apresentação. Eu não entendia muita coisa. Silêncios, os atores correndo e se escondendo. Descobri que eram reproduções das brincadeiras infantis. Pega-pega, esconde-esconde, acompanhado de musicas e algumas brigas, semelhante à realidade infantil.

Em alguns momentos, eu não entendia nada. Parecia que o texto voava para longe da lógica, do começo, meio e fim.

Eu observei que havia uma atriz falando a linguagem de sinais o tempo todo e me perguntava se ela traduzia a fala de todos os personagens, ao mesmo tempo, ou se ela contava outra história, com base nos acontecimentos. Como ela conseguiria reproduzir todos os atos rápidos dos atores e explicar tudo?

Achei bem interessante ver pipocas e balas na apresentação.

Interessante também foi ver o desempenho na cadeira de rodas. Os aspectos da aceitação de uma criança que não podia correr com as pernas, e mesmo assim brincava com os amigos. Isso me fez refletir sobre a exclusão das pessoas com deficiência e o desejo de brincar, correr, pular. Chamou-me a atenção também a referência do cuidado com a cadeira de rodas, quando o colega pegou nela para brincar: “tenha educação” dizia o dono da cadeira. Isso foi bem marcante porque nunca pensamos no cuidado que devemos ter com as próteses e equipamentos usados pelas pessoas com deficiência, pois aquilo não é um simples objeto, mas a continuação do corpo daquela pessoa.

Concluindo, essa foi a minha primeira experiência em teatro. Uma realidade que não faz parte do meu cotidiano. Sempre entendi que teatro, cinema e shows são para públicos de classe média e alta. Foi uma mistura de estranhamento e encantamento, de risos e reflexões. Uma aula que parecia um momento de lazer e me fazia pensar, como irei trabalhar neste semestre essa realidade desconhecida e nova. Ao mesmo tempo me fez refletir que o desconhecido, quando enfrentado, traz ensinamentos e descobertas que ampliam nossa visão de mundo. Eu pensei: eu não sei dançar, eu não tenho corpo, nem a prática de academia. Estou um pouco gordinha e não sou adolescente. Como irei estudar nesta disciplina? A minha colega riu, porque ela é da área de dança e me explicou que todas as minhas perguntas não serão empecilhos e eu sigo o caminho de lagarta saindo do casulo, descobrindo um novo mundo.


Outros olhares:


Obs.: o espetáculo Bonito oferecia audiodescrição e LIBRAS

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