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Cordel ACCS

  • Foto do escritor: ACCS
    ACCS
  • 19 de mar. de 2018
  • 2 min de leitura


por

IVONE SILVA DE JESUS


Minha gente muita atenção,

Que uma história eu vou contar,

Uma história diferente

Que todo mundo pode escutar.


Nem eu mesmo sabia

Que poderia viver

Um momento tão bonito

Uma lindeza de bem-querer.


Conheci o mininu Edu,

As minina Bia e Cecília

E também o mininu Stherfeson,

Foi bunito nesse dia


No teatro Gregório de Matos

Começou a nossa história

Era um tal de ACSS,

Oxe, que me joguei na hora!


Acessibilidade em Trânsito Poético:

Homem cego, mulher cega,

Gente que via todo dia.

Audiodescrição num teatro

Uma peleja muito séria


Era a vontade de ver o mundo

Mesmo sem enxergar a matéria

A oportunidade de tocar

De sentir que a vida é bela.


Universidade e comunidade

Uma coisa só: a chama e a vela

A mão e o corpo,

O cinto e a fivela.


Porque sozinho ninguém vive,

Sozinho ninguém opera,

“A união faz a força”

Esse dito não é novela

Tem fundamento sim senhor,

Tem fundamento sim senhora,

A sabedoria popular é a chancela.


E assim a cada sexta,

Íamos nos encontrando,

Outubro, novembro, dezembro

E o 2017 terminando.


Mas quem disse

Que acabou assim?

Não é que em 2018

Também continuamos?


No calor de um soteropolitano semestre

Nas vespertinas sextas-feiras,

Em Ondina ou na Saúde

Metíamos dança a tarde inteira.

Mas não era só para dançar

Que a gente estava a se encontrar,

Era para fazer o transitar o nosso corpo

Numa poética do acessar.


Acessar o outro, acessar a nós.

Todos juntos, falando numa mesma voz,

Acessibilidade em Trânsito Poético

Ainda dá tempo, junte-se a nós.


Nessa chegança de corpos e mentes

Estivemos frente a frente.

Unidos numa plural intenção:

Conhecer, ser, fazer, aprender, re-ver

Ispia que tanta ação!


Andando pela sala

Com olhos abertos.

Tecendo flores de guardanapo

Tínhamos os corpos despertos.


Ao som da música

Envoltos no calor de nossos corpos

Fomos nos achegando um ao outro

Dançando íamos tão longe

Embora ali tão juntos, tão perto.


O toque das mãos,

Sentir a respiração,

A quentura do coração

Era a nossa nova razão.


Bailando, dois pra lá, dois pra cá,

Nas vespertinas sextas

Aqui e acolá, imersos na música

Também parávamos para falar.


Falar da lindeza, falar da vida

Falar da dança que deixou de ser clandestina

Tornou-se bem-querença

Sopro de alegria


Plantando jardins de papel

Tecendo florestas na imaginação

Falando através do corpo

Vendo com os olhos do coração


É muita riqueza de gente

Cada uma com sua emoção

Cada uma com seu brilho

Cada uma com sua gratidão


De repente nois também as vista escureceu

Cerramos os nossos olhos

Andamos por outras mãos

Mas a clareza veio logo

De dentro do nosso irmão

Que pela mão nos guiava

Dizendo “se avexe não”.


Então eu entendi,

Que mesmo de olhos abertos

Olhar não é pra todo mundo não

Pois o olho tá no corpo todo

Não é só na cabeça não

E pelo chão da escola de dança

E pelo ar dessa escola de esperança

No XXX painel performático

Fizemos a chegança.


Uma grande papelança

Feita de tanta andança,

Revelando nossa intuição

31 de janeiro, no poente ligeiro,

Nosso painel, fugaz e fagueiro

Último e tão primeiro.


Acessibilidade em trânsito poético

É semente, é inclusão

É poética da diferença.

Diversidade com interação

Agregando gente diferente

Que se bole, que se colhe

Que germina afeição.

Vou parar por aqui

Porque já treme o corpo inteiro

Doido para continuar todo danceiro

Depois de um março grávido

De um abril que será presente, futuro e um grande pretérito perfeito!


E que fique bem claro

Que aqui não termino,

Pois já disse aos mininu

Que o destino aqui me pôs,

Não quero saber de depois,

Quero viver esse instante

Eterno e inteiro

Infinito enquanto dure

Como a chama do candeeiro


Cumprimento aos colegas

Por este aprendizado fecundo

Valeu por cada aperto de mão

Valeu por cada sussurro

Espero sempre revê-los

Neste vasto e humano mundo

Inté minha gente, inté, inté

Digo do meu coração, bem lá do fundo!



Créditos das imagens


OLHAR. Imagem disponível em:

https://previews.123rf.com/images/tasamaya/

tasamaya1602/tasamaya160200073/

52689137-hand-drawn-eyes-set-illustration-

black-and-white.jpg. Acesso em: 21 fev. 2017.


OLHO. Imagem abstrata.

Disponível em: https://es.dreamstime.com/

stock-de-ilustraci%C3%B3n-modelo-incons%C3%BAtil-

del-extracto-simple-blanco-y-negro-del-vector-con-los-

ojos-ondas-sol-descensos-arco-iris-image59644773.

Acesso em: 21 fev. 2017.



 
 
 

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